quinta-feira, 15 de setembro de 2016

AS REVOLTAS NATIVISTAS E ANTICOLONIAIS



Conflitos no Brasil Colônia

INTRODUÇÃO

A colonização no Brasil não ocorreu sem conflitos. Primeiramente os colonizadores tiveram problemas com os índios por causa de suas terras e de sua liberdade e também conflitos com escravos.

Em meados do século XVIII o Império colonial português estava em crise e o Brasil passou a ser a principal fonte de riqueza de Portugal aumentando assim a sua exploração colonial. Por isso se iniciaram as revoltas dos colonos brasileiros.

Neste trabalho veremos essas revoltas separadas em dois grupos: As revoltas nativistas e as Revoltas contra o domínio português. Todas elas podem ser consideradas Revoltas Anticoloniais.

As revoltas nativistas não tinham o ideal nacionalista. Eram revoltas locais entre grupos pelo domínio de uma região ou contra certos abusos da metrópole. São elas: A Aclamação de Amador Bueno, A Conjuração de "Nosso Pai", A Revolta dos Beckman, A guerra dos Emboabas, A Guerra dos Mascates, Os Motins do Maneta e a Revolta de Filipe dos Santos.

Já as demais eram revoltas contra o domínio português no Brasil. São movimentos que questionaram o sistema colonial e propuseram a separação entre a colônia e a metrópole. São elas: A Inconfidência Mineira, A Inconfidência Carioca, A Inconfidência Baiana e a Revolução Pernambucana.

As Revoltas Nativistas e Anticoloniais

No final do século XVII, Portugal entrou numa crise econômica que cada vez mais ia se agravando. Durante a União Ibérica, Portugal havia perdido para os inimigos da Espanha muitas colônias da África e do Oriente. Além disso, depois do domínio holandês no Brasil, os preços internacionais do açúcar estavam caindo. Para enfrentar esses problemas Portugal aumentou a exploração colonial sobre o Brasil, tomando as seguintes medidas:
  • A criação das Companhias Gerais de Comércio.
  • Criação do Conselho Ultramarino (1642)
  • Perda de autonomia das Câmaras Municipais
  • O cargo de governador-geral deu lugar ao de vice-rei, que acumulou poderes sobre os colonos
Os inúmeros conflitos ocorridos no século XVII são sintomas de descontentamento que estas medidas administrativas provocaram no Brasil. Nestes conflitos não se manifesta a ideia de independência. São apenas lutas locais contra aspectos particulares do domínio português.

Algumas dessas revoltas não são bem conhecidas e permaneceram envolvidas em lendas. Entre elas podemos citar: a Aclamação de Amador Bueno e a Conjuração de "Nosso Pai". Outras mostram claramente um conflito com a política econômica da metrópole: a Revolta dos Beckman e a da Filipe de Santos. E também existem aquelas que mostram um cunho regionalista e econômico: a Guerra dos Emboabas, a Guerra dos Mascates e os Motins do Maneta.



CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR

O que foi

A Confederação do Equador foi um movimento político e revolucionário ocorrido na região Nordeste do Brasil em 1824. O movimento teve caráter emancipacionista e republicano. Ganhou este nome, pois o centro do movimento ficava próximo a Linha do Equador. A revolta teve seu início na província de Pernambuco, porém, espalhou-se rapidamente por outras províncias da região (Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba).

Em Pernambuco, centro da revolta, o movimento teve participação das camadas urbanas, elites regionais e intelectuais. A grande participação popular foi um dos principais diferenciais deste movimento.

Causas principais
  • Forte descontentamento com centralização política imposta por D. Pedro I, presente na Constituição de 1824;
  • Descontentamento com a influência portuguesa na vida política do Brasil, mesmo após a independência;
  • A elite de Pernambuco havia escolhido um governador para a província: Manuel Carvalho Pais de Andrade. Porém, em 1824, D.Pedro I indicou um governador de sua confiança para a província: Francisco Paes Barreto. Este conflito político foi o estopim da revolta.
Objetivos da revolta
  • Convocação de uma nova Assembleia Constituinte para elaboração de uma nova Constituição de caráter liberal;
  • Diminuir a influência do governo federal nos assuntos políticos regionais;
  • Acabar com o tráfico de escravos para o Brasil;
  • Organizar forças de resistências populares contra a repressão do governo central imperial;
  • Formação de um governo independente na região.
Reação do governo e fim do movimento

Sob o comando do almirante britânico Thomas Cochrane, as forças militares do império atuaram com rapidez e força para colocar fim ao movimento emancipacionista. Um dos principais líderes, Frei Caneca, foi condenado ao fuzilamento. Padre Mororó, outra importante liderança, foi executado a tiros. Outros foram condenados à prisão como foi o caso do jornalista Cipriano Barata. Muitos revoltosos fugiram para o sertão e tentaram manter o movimento vivo, porém o movimento perdeu força no mesmo ano que começou.



CABANAGEM

Introdução

A Cabanagem foi uma revolta popular que aconteceu entre os anos de 1835 e 1840 na província do Grão-Pará (região norte do Brasil, atual estado do Pará). Recebeu este nome, pois grande parte dos revoltosos era formada por pessoas pobres que moravam em cabanas nas beiras dos rios da região. Estas pessoas eram chamadas de cabanos.

Contexto histórico

No início do Período Regencial, a situação da população pobre do Grão-Pará era péssima. Mestiços e índios viviam na miséria total. Sem trabalho e sem condições adequadas de vida, os cabanos sofriam em suas pobres cabanas às margens dos rios. Esta situação provocou o sentimento de abandono com relação ao governo central e, ao mesmo tempo, muita revolta.

Os comerciantes e fazendeiros da região também estavam descontentes, pois o governo regencial havia nomeado para a província um presidente que não agradava a elite local.

Causas e objetivos

Embora por causas diferentes, os cabanos (índios e mestiços, na maioria) e os integrantes da elite local (comerciantes e fazendeiros) se uniram contra o governo regencial nesta revolta. O objetivo principal era a conquista da independência da província do Grão-Pará.

Os cabanos pretendiam obter melhores condições de vida (trabalho, moradia, comida). Já os fazendeiros e comerciantes, que lideraram a revolta, pretendiam obter maior participação nas decisões administrativas e políticas da província.
Revolta.

Com início em 1835, a Cabanagem gerou uma sangrenta guerra entre os cabanos e as tropas do governo central. As estimativas feitas por historiadores apontam que cerca de 30 mil pessoas morreram durante os cinco anos de combates.

No ano de 1835, os cabanos ocuparam a cidade de Belém (capital da província) e colocaram na presidência da província Félix Malcher. Fazendeiro, Malcher fez acordos com o governo regencial, traindo o movimento. Revoltados, os cabanos mataram Malcher e colocaram no lugar o lavrador Francisco Pedro Vinagre (sucedido por Eduardo Angelim).

Contanto com o apoio inclusive de tropas de mercenários europeus, o governo central brasileiro usou toda a força para reprimir a revolta que ganhava cada vez mais força.

Fim da revolta

Após cinco anos de sangrentos combates, o governo regencial conseguiu reprimir a revolta. Em 1840, muitos cabanos tinham sido presos ou mortos em combates. 

A revolta terminou sem que os cabanos conseguissem atingir seus objetivos.


REVOLUÇÃO PRAIEIRA

Introdução

A Revolução Praieira foi uma revolta de caráter liberal e federalista ocorrida na província de Pernambuco entre os anos de 1848 e 1850. Dentre as várias revoltas ocorridas durante o Brasil Império, esta foi a última. Ganhou o nome de praieira, pois a sede do jornal comandado pelos liberais revoltosos (chamados de praieiros) localizava-se na rua da Praia.

Contexto e causas da revolta

Em 1848 o Senado brasileiro era dominado por senadores do Partido Conservador. Os senadores conservadores vetaram a indicação, para uma cadeira do Senado, do liberal pernambucano Antônio Chinchorro da Gama. Este veto provocou uma revolta em determinado grupo de políticos liberais de Pernambuco. Os pernambucanos também estavam insatisfeitos com a falta de autonomia política das províncias e concentração de poder nas mãos da monarquia.

Revolta e reivindicações

Os políticos liberais revoltosos ganharam o apoio de várias camadas da população, principalmente dos mais pobres, que viviam oprimidos e sofriam com as péssimas condições sociais. Os praieiros chegaram a tomar a cidade de Olinda.

Em 1 de janeiro de 1849, divulgam o Manifesto ao Mundo. Neste documento, os praieiros reivindicavam:
  • Independência dos poderes e fim do poder Moderador (exclusivo do monarca);
  • Voto livre e Universal;
  • Nacionalização do comércio de varejo;
  • Liberdade de imprensa;
  • Reforma do Poder Judiciário;
  • Federalismo;
  • Fim da lei do juro convencional;
  • Fim do sistema de recrutamento militar como existia naquela época.

Fim da Revolta e consequências

A rebelião foi derrotada pelas forças oficiais no começo de 1850. Muitos revoltosos foram mortos durante os combates com as forças oficiais. Os líderes e demais participantes foram presos e julgados, embora tenham sido anistiados no ano seguinte.  


A REVOLTA DOS MALÊS

Introdução

A Revolta dos Malês foi um movimento que ocorreu na cidade de Salvador (província da Bahia) entre os dias 25 e 27 de janeiro de 1835. Os principais personagens desta revolta foram os negros islâmicos que exerciam atividades livres, conhecidos como negros de ganho (alfaiates, pequenos comerciantes, artesãos e carpinteiros). Apesar de livres, sofriam muita discriminação por serem negros e seguidores do islamismo. Em função destas condições, encontravam muitas dificuldades para ascender socialmente.

Causas e objetivos da revolta

Os revoltosos, cerca de 1500, estavam muito insatisfeitos com a escravidão africana, a imposição do catolicismo e com a preconceito contra os negros. Portanto, tinham como objetivo principal à libertação dos escravos. Queriam também acabar com o catolicismo (religião imposta aos africanos desde o momento em que chegavam ao Brasil), o confisco dos bens dos brancos e mulatos e a implantação de uma república islâmica.

Desenvolvimento da revolta

De acordo com o plano, os revoltosos sairiam do bairro de Vitória (Salvador) e se reuniriam com outros malês vindos de outras regiões da cidade. Invadiriam os engenhos de açúcar e libertariam os escravos. Arrecadaram dinheiro e compraram armas para os combates. O plano do movimento foi todo escrito em árabe.

Fim da revolta

Uma mulher contou o plano da revolta para um Juiz de Paz de Salvador. Os soldados das forças oficiais conseguiram reprimir a revolta. Bem preparados e armados, os soldados cercaram os revoltosos na região da Água dos Meninos. Violentos combates aconteceram. No conflito morreram sete soldados e setenta revoltosos. Cerca de 200 integrantes da revolta foram presos pelas forças oficiais. Todos foram julgados pelos tribunais. Os líderes foram condenados a pena de morte. Os outros revoltosos foram condenados a trabalhos forçados, açoites e degredo (enviados para a África).

O governo local, para evitar outras revoltas do tipo, decretou leis proibindo a circulação de muçulmanos no período da noite bem como a prática de suas cerimônias religiosas.

Curiosidade:

- O termo “malê” é de origem africana (ioruba) e significa “o muçulmano”.


BALAIADA

O que foi

Revolta popular ocorrida no Maranhão entre os anos de 1838 e 1841.

Motivos do conflito

Grande parte da população pobre do estado era contra o monopólio político de um grupo de fazendeiros da região. Estes fazendeiros comandavam a região e usavam a força e violência para atingirem seus objetivos políticos e econômicos.

Como começou e os fatos mais importantes
  • No mês de dezembro de 1838 o líder do movimento, Raimundo Gomes, invadiu a prisão de Vila Manga para libertar seu irmão. Acabou aproveitando a situação e libertando todos outros presos.
  • Em 1839 os balaios (como eram chamados os revoltosos), fizeram algumas conquistas como, por exemplo, a Vila de Caxias. Conseguiram também organizar uma Junta Provisória.
  • O governo maranhense organizou suas forças militares, inclusive com apoio de militares de outras províncias, e passou a combater fortemente os balaios.  Com a participação de muitos escravos fugitivos, prisioneiros e trabalhadores pobres da região, os balaios conseguiram obter algumas vitórias no início dos conflitos.
  • O coronel Luís Alves Lima e Silva foi nomeado pelo Império como governador da província do Maranhão com o objetivo de pacificar a revolta. O Barão de Caxias, que mais tarde seria duque, foi eficiente em sua missão e reconquistou a Vila de Caxias.

O enfraquecimento do movimento e o fim da revolta
  • Após perder a Vila de Caxias, o comandante dos balaios, Raimundo Gomes, se entregou as tropas oficiais.
  • Em 1839, após a morte de Balaio, Cosme Bento (ex-escravo) assumiu a liderança dos balaios. Em 1840 ele partiu, com centenas de revoltosos para o interior.
  • Em 1841, já com o movimento enfraquecido, muitos balaios resolverem se render, aproveitando a anistia concedida pelo governo.
  • Em 1841, o líder Cosme Bento foi capturado e enforcado. Era o fim da revolta.   

A GUERRA DOS FARRAPOS

O que foi

Também conhecida como Revolução Farroupilha, A Guerra dos Farrapos foi um conflito regional contrário ao governo imperial brasileiro e com caráter republicano. Ocorreu na província de São Pedro do Rio Grande do Sul, entre 20 de setembro de 1835 a 1 de março de 1845.

Causas
  • Descontentamento político com o governo imperial brasileiro;
  • Busca por parte dos liberais por maior autonomia para as províncias;
  • Revolta com os altos impostos cobrados no comércio de couro e charque, importantes produtos da economia do Rio Grande do Sul naquela época;
  • Os farroupilhas eram contrários a entrada (concorrência) do charque e couro de outros países, com preços baratos, que dificultada o comércio destes produtos por parte dos comerciantes sulistas.

Os desdobramentos do conflito
  • Em setembro de 1835, os revolucionários, comandados por Bento Gonçalves, tomaram a cidade de Porto Alegre, forçando a retirada das tropas imperiais da região.
  • Prisão do líder Bento Gonçalves em 1835. A liderança do movimento passa para as mãos de Antônio de Souza Neto.
  • Em 1836, os farroupilhas obtêm várias vitórias diante das forças imperiais.- Em 11 de setembro de 1836 é proclamada, pelos revoltosos, a República Rio-Grandense. Mesmo na prisão, os farroupilhas declaram Bento Gonçalves presidente.
  • No ano de 1837, após fugir da prisão, Bento Gonçalves assume de fato a presidência da recém-criada República Rio-Grandense.
  • Em 24 de julho de 1839, os farroupilhas proclamam a República Juliana, na região do atual estado de Santa Catarina.

O fim do movimento
  • Em 1842, o governo imperial nomeou Duque de Caxias (Luiz Alves de Lima e Silva) para comandar uma ação com objetivo de finalizar o conflito separatista no sul do Brasil.
  • Em 1845, após vários conflitos militares, enfraquecidos, os farroupilhas aceitaram o acordo proposto por Duque de Caxias e a Guerra dos Farrapos terminou. A República Rio-Grandense foi reintegrada ao Império brasileiro.

A SABINADA

Introdução

A Sabinada foi uma revolta feita por militares, integrantes da classe média (profissionais liberais, comerciantes, etc) e rica da Bahia. A revolta se estendeu entre os anos de 1837 e 1838. Ganhou este nome, pois seu líder foi o jornalista e médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira.

Causas da Sabinada

Os revoltosos eram contrários às imposições políticas e administrativas impostas pelo governo regencial. Estavam profundamente insatisfeitos com as nomeações de autoridades para o governo da Bahia, realizadas pelo governo regencial.

O estopim da revolta ocorreu quando o governo regencial decretou recrutamento militar obrigatório para combater a Guerra dos Farrapos, que ocorria no sul do país.

Objetivos

Os revoltosos queriam mais autonomia política e defendiam a instituição do federalismo republicano, sistema que daria mais autonomia política e administrativa às províncias.

República Bahiense

Com o apoio de vários integrantes do exército, os revoltosos foram para as ruas e tomaram vários quartéis militares. No dia 7 de novembro de 1837, tomaram o poder em Salvador (capital). Decretaram a República Bahiense, que, de acordo com os líderes da revolta, deveria durar até D.Pedro II atingir a maioridade.

Repressão e como terminou

O governo central, sob a regência de regente Feijó, enviou tropas para a região e reprimiu o movimento com força total. A cidade de Salvador foi cercada e retomada. Muita violência foi usada na repressão. Centenas de casas de revoltosos foram queimadas pelas forças militares do governo.

Entre revoltosos e integrantes das forças do governo, ocorreram mais de 2 mil mortes durante a revolta. Mais de 3 mil revoltosos foram presos. Assim, em março de 1838, terminava mais uma rebelião do período regencial.

FONTES:



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